O uso de metáforas na ACT: exemplos práticos para a terapia
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A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) se diferencia por seu caráter experiencial e contextual. Em vez de se basear apenas na lógica argumentativa, a ACT convida os pacientes a se engajarem em práticas que transformam como eles se relacionam com seus pensamentos e emoções. Um dos recursos mais potentes para isso é o uso de metáforas.
As metáforas na ACT não são meras figuras de linguagem. Elas funcionam como ferramentas terapêuticas vivenciais, que ajudam o paciente a enxergar sua experiência por outro ângulo, a entrar em contato com seus valores e a romper padrões rígidos de controle psicológico.
Neste artigo, você vai aprender:
- Por que as metáforas são tão importantes na ACT;
- Como utilizar metáforas na clínica;
- Quais são as principais metáforas da ACT;
- Como adaptá-las para diferentes públicos e contextos;
- Dicas para criar e aplicar suas próprias metáforas.
Por que a ACT utiliza metáforas?
A ACT se baseia na Teoria das Molduras Relacionais (RFT), que explica como os seres humanos dão significado às palavras através de relações contextuais aprendidas. Essa habilidade nos permite criar linguagem complexa — mas também nos aprisiona em padrões de sofrimento baseados na linguagem.
As metáforas ajudam a romper com esses padrões porque:
- Afastam o paciente do conteúdo literal da linguagem;
- Criam um espaço de observação e reflexão;
- Facilitam o acesso a processos como aceitação, defusão e valores;
- Conectam a experiência emocional com imagens vivas e memoráveis.
👉 Leia também: A metáfora do passageiro no ônibus – entendendo a ACT na prática
Princípios para o uso de metáforas na ACT
- Seja simples: metáforas funcionam melhor quando são acessíveis e diretas.
- Faça sentido para o paciente: adapte o conteúdo à realidade e linguagem da pessoa.
- Conecte com o processo terapêutico: use metáforas alinhadas ao ponto de intervenção (defusão, aceitação, etc.).
- Permita vivência: sempre que possível, transforme a metáfora em uma atividade prática ou sensorial.
- Explore com curiosidade: pergunte ao paciente o que ele entendeu, o que tocou ou o que soou estranho.
Metáforas clássicas da ACT e como usá-las
1. O passageiro no ônibus
Objetivo: trabalhar com pensamentos difíceis e ação comprometida.
Como aplicar:
“Imagine que você está dirigindo um ônibus. Alguns passageiros gritam coisas como ‘Você é inútil’, ‘Você vai falhar’. Se você parar o ônibus para discutir com eles, perde o caminho. E se você continuar mesmo com eles falando? Para onde seu ônibus vai?”
Processo trabalhado: defusão e ação comprometida.
👉 Explore mais: O papel da defusão cognitiva na ACT
2. Areia movediça
Objetivo: mostrar que lutar contra emoções pode afundar ainda mais.
Como aplicar:
“Se você está em areia movediça, quanto mais se debate, mais afunda. Mas se relaxa o corpo e se entrega, flutua. O mesmo acontece com emoções difíceis.”
Processo trabalhado: aceitação.
3. Mãos nos olhos
Objetivo: trabalhar a fusão cognitiva.
Como aplicar:
“Imagine que seus pensamentos são suas mãos. Se você as coloca coladas nos olhos, não vê mais nada. Se as afasta um pouco, ainda estão ali, mas você consegue enxergar o mundo.”
Processo trabalhado: defusão.
4. Carregar a mochila
Objetivo: trabalhar aceitação e valores.
Como aplicar:
“Algumas dores são como pedras numa mochila. A questão é: você vai parar de caminhar por causa delas, ou vai seguir em direção ao que importa, mesmo com o peso?”
Processo trabalhado: aceitação e ação comprometida.
5. O farol na neblina
Objetivo: reconectar com valores.
Como aplicar:
“Na neblina, não dá para ver muito longe. Mas se você sabe a direção do farol, pode dar um passo de cada vez. Os valores são esse farol.”
Processo trabalhado: clareza de valores e comprometimento.
👉 Veja também: A importância dos valores na Terapia de Aceitação e Compromisso
Como adaptar metáforas para diferentes públicos
Com crianças:
- Use histórias com personagens, bichos ou super-heróis;
- Dê nomes lúdicos aos processos (ex: “pensamentos pegajosos”);
- Utilize desenhos, jogos ou objetos simbólicos.
Com adolescentes:
- Traga elementos da cultura jovem (ex: redes sociais, escola, amigos);
- Use humor e metáforas visuais (ex: filtro de Instagram = pensamento distorcido);
- Trabalhe com valores de pertencimento, autonomia e autenticidade.
👉 Leia também: Adaptações da ACT para adolescentes – promovendo saúde mental em jovens
Com adultos:
- Aprofunde metáforas existenciais e reflexivas;
- Relacione com temas como carreira, família, propósito de vida;
- Encoraje exercícios vivenciais a partir das metáforas.
Com idosos:
- Trabalhe com histórias de vida, legado, espiritualidade e luto;
- Use metáforas ligadas à natureza, tempo, cuidado;
- Conecte emoções difíceis com o valor da experiência e sabedoria.
Criando suas próprias metáforas
Além das metáforas tradicionais, terapeutas podem (e devem) criar metáforas personalizadas com base no discurso do paciente.
Dicas:
- Escute palavras ou imagens que o próprio paciente usa;
- Explore hobbies ou interesses (ex: “a dor é como correr uma maratona” para atletas);
- Use o ambiente da sessão (objetos, cadeiras, papel);
- Experimente com dramatizações simples, como mudar de cadeira ou segurar objetos.
Exemplo:
Um paciente músico diz: “Sinto que a ansiedade desafina minha vida.”
O terapeuta pode usar isso para construir a metáfora de um maestro que precisa aprender a
incluir os instrumentos desafinados na sinfonia da vida — sem precisar bani-los.
Conclusão
O uso de metáforas é um dos diferenciais mais marcantes da ACT. Mais do que adornos linguísticos, elas são portas de entrada para a experiência emocional, facilitadoras de mudança e catalisadoras de insight.
Ao dominar as metáforas e adaptá-las ao seu público, o terapeuta cria um ambiente terapêutico mais vivo, acessível e transformador. E, mais do que tudo, ajuda o paciente a enxergar sua dor sob uma nova luz — com mais compaixão, clareza e coragem para viver uma vida guiada por valores.
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