A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) atravessou diferentes fases — conhecidas como ondas — ao longo de sua história, expandindo e enriquecendo seus conceitos e técnicas. Enquanto a primeira onda (com enfoque comportamental) enfatizava o estudo e a modificação de comportamentos observáveis, a segunda onda trouxe a reformulação cognitiva como elemento-chave. Já a terceira onda incorporou práticas de aceitação, mindfulness e um foco no contexto e nos valores pessoais. Atualmente, muitos profissionais optam por uma abordagem integrativa, utilizando elementos das três ondas para oferecer um tratamento personalizado, coerente com as necessidades e características de cada paciente.
Neste texto, discutiremos como se dá a integração das três ondas, seus principais benefícios e como ela impacta a prática clínica de psicólogos e terapeutas. Se você deseja aprofundar seus conhecimentos em Terapias de Terceira Onda, Neuropsicologia ou Avaliação Neuropsicológica, convidamos você a visitar o nosso blog, onde há artigos, estudos de caso e reflexões sobre temas contemporâneos na Psicologia. Além disso, não deixe de conhecer nossa Formação Permanente, que oferece um programa completo da IC&C (Intervenções Cognitivas e Comportamentais), integrando fundamentos teóricos e práticas supervisionadas.
A primeira onda remonta ao Behaviorismo, que emergiu na primeira metade do século XX com autores como John B. Watson e B. F. Skinner. O foco eram os comportamentos observáveis e suas contingências de reforço e punição. Técnicas como reforçamento, modelagem, exposição e dessensibilização sistemática surgiram nesse contexto e até hoje se mostram eficazes para lidar com fobias, ansiedade e problemas de conduta.
A segunda onda surge a partir dos trabalhos de Aaron Beck e Albert Ellis na década de 1960, ao enfatizarem que como as pessoas pensam influencia diretamente suas emoções e comportamentos. Assim, a reestruturação cognitiva, o monitoramento de pensamentos automáticos e a psicoeducação sobre crenças disfuncionais tornaram-se centrais no tratamento de transtornos como a depressão e a ansiedade generalizada. Esse modelo consolidou a TCC como uma abordagem de base empírica, reconhecida em todo o mundo.
A terceira onda da TCC incorpora conceitos de aceitação, mindfulness e flexibilidade psicológica, encontrando nas práticas contemplativas (inspiradas em tradições orientais) um modo de lidar com os conteúdos mentais de forma não reativa. As Terapias de Terceira Onda, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), a Terapia Comportamental Dialética (DBT) e a Mindfulness-Based Cognitive Therapy (MBCT), deslocam a ênfase de “mudar pensamentos” para “observar e aceitar experiências”, conectando o paciente a seus valores pessoais e metas de vida.
A complexidade dos quadros clínicos modernos — como ansiedade comórbida à depressão, transtornos de personalidade e problemas de regulação emocional — demanda um arcabouço terapêutico amplo. A integração das três ondas garante um repertório de técnicas que cobre tanto o manejo de contingências comportamentais quanto a reestruturação cognitiva e as práticas de aceitação e mindfulness.
Nem todos os pacientes respondem da mesma maneira às intervenções clássicas de reestruturação de pensamento ou à ênfase em reforços comportamentais. Ao ter acesso a múltiplas abordagens, o terapeuta consegue ajustar o percurso clínico conforme as reações, resistências ou preferências do paciente.
Diversos ensaios clínicos e meta-análises indicam que a TCC apresenta resultados robustos para diversos transtornos. As abordagens de Terceira Onda também acumulam evidências, especialmente para casos onde a regulação emocional é crítica (borderline, transtornos alimentares e TEPT). Integra-las contribui para maximizar a eficácia, reunindo o que há de melhor em termos de ciência do comportamento, cognitivas e práticas de aceitação.
Mesmo em uma abordagem integrativa, o modelo comportamental segue sendo uma importante base. O terapeuta:
Do cognitivismo, surgem ferramentas como:
As Terapias de Terceira Onda introduzem métodos que vão além da “mudança de conteúdo” dos pensamentos, enfatizando o relacionamento do paciente com suas experiências internas:
Logo no início do tratamento, o terapeuta faz uma entrevista clínica detalhada e, quando relevante, aplica testes ou escalas para entender a dinâmica comportamental, as crenças centrais e a forma como o paciente lida com pensamentos e emoções. Essa avaliação orienta quais técnicas serão prioritárias.
Com base nas hipóteses e objetivos, o profissional decide:
A ordem de aplicação das técnicas nem sempre é rígida; o terapeuta equilibra, ao longo das sessões, intervenções comportamentais, cognitivas e de aceitação, criando um fio condutor coerente para o paciente. É comum iniciar com estratégias de enfrentamento comportamental ou cognitivas mais estruturadas, e então adicionar práticas de mindfulness e aceitação quando o paciente já tem mais familiaridade com o processo terapêutico.
É fundamental reavaliar periodicamente os resultados, seja por meio de escalas, autorregistros ou relato subjetivo do paciente. Se houver estagnação ou resistência, o terapeuta poderá alterar o foco de técnicas ou intensificar práticas de mindfulness ou reestruturação cognitiva, conforme os obstáculos identificados.
A era digital amplia possibilidades de monitoramento remoto de exercícios de mindfulness, autorregistros cognitivos em aplicativos e supervisões online de casos clínicos. Essa realidade favorece ainda mais a integração das ondas, permitindo que o paciente exercite técnicas comportamentais e de aceitação em plataformas interativas.
Novos estudos estão surgindo com protocolos híbridos que unem elementos comportamentais, cognitivos e de mindfulness de forma estruturada — por exemplo, combinações de exposição in vivo com exercícios de autocompaixão (DBT + ACT), analisando impactos em transtornos específicos.
A tendência é que sociedades e institutos de TCC promovam cada vez mais treinamentos avançados, workshops e congressos, incentivando a troca de experiências e pesquisas sobre abordagens integrativas. Isso ajudará a reduzir resistências e consolidar boas práticas internacionais.
A integração das três ondas (comportamental, cognitiva e de aceitação) na TCC representa um passo significativo rumo a uma abordagem personalizada na psicoterapia. Ao combinar análise funcional, reestruturação de pensamentos e práticas de mindfulness, os terapeutas podem oferecer intervenções mais amplas e ajustadas às necessidades únicas de cada indivíduo. Embora existam desafios de formação e a necessidade de supervisão especializada, essa integração se mostra alinhada às evidências científicas e às demandas contemporâneas de saúde mental.
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