A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é conhecida por sua base empírica sólida e por sua eficácia no tratamento de diversos transtornos mentais. Desde seu surgimento, porém, essa abordagem vem passando por evoluções conceituais, dando origem ao que se costuma chamar de primeira, segunda e terceira ondas da TCC. Cada uma dessas ondas trouxe novos pressupostos teóricos, técnicas e implicações práticas — e, consequentemente, impactos profundos na formação de psicólogos e terapeutas.
Neste texto, vamos explorar como as diferentes ondas da TCC influenciam o modo de preparar futuros profissionais, tanto em âmbito acadêmico quanto em cursos de especialização e formação continuada. Se você deseja se aprofundar em Terapias de Terceira Onda, Neuropsicologia ou Avaliação Neuropsicológica, recomendamos acessar o nosso blog, onde encontrará artigos, estudos de caso e discussões relevantes. Além disso, convidamos a conhecer a nossa Formação Permanente, voltada a quem deseja uma base sólida e atualizada em Intervenções Cognitivas e Comportamentais.
Para compreender como as ondas da TCC influenciam a formação de psicólogos e terapeutas, é essencial revisitar brevemente o que caracteriza cada uma delas.
A primeira onda da TCC tem suas raízes no Behaviorismo, que se destacou no início e em meados do século XX com autores como John B. Watson e B. F. Skinner. O foco do Behaviorismo está nos comportamentos observáveis e na aprendizagem, enfatizando a importância de reforçadores e contingências para modificar comportamentos desadaptativos.
A segunda onda marca a introdução dos processos cognitivos como elementos centrais de intervenção. Autores como Aaron Beck e Albert Ellis propuseram que os pensamentos e crenças exercem influência decisiva nas emoções e comportamentos. Logo, identificar e modificar pensamentos automáticos e distorções cognitivas tornou-se a espinha dorsal da TCC clássica.
A terceira onda surge no final do século XX e começo do século XXI, introduzindo conceitos como aceitação, mindfulness e o trabalho com valores pessoais no processo terapêutico. Aqui encontramos abordagens como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), a Terapia Comportamental Dialética (DBT) e a Mindfulness-Based Cognitive Therapy (MBCT).
As faculdades de Psicologia costumam oferecer, em algum momento do curso, disciplinas que abordam os fundamentos históricos da TCC. Em tais disciplinas, o estudante é apresentado às premissas do Behaviorismo, do Cognitivismo e às novas propostas da Terceira Onda. Embora o tempo dedicado possa variar, esse panorama prepara o terreno para a compreensão de como as diferentes técnicas e perspectivas evoluíram e se complementam.
Um ponto marcante na formação de terapeutas cognitivo-comportamentais é a ênfase na base empírica da intervenção psicológica. Desde a primeira onda, a TCC construiu solidez em pesquisas quantitativas e estudos de caso controlados. Nas universidades, muitas vezes são apresentadas as evidências de eficácia em transtornos como ansiedade, depressão, pânico e TEPT, o que estimula nos alunos uma mentalidade de busca constante de evidências para embasar suas intervenções.
O conteúdo teórico e prático evolui à medida que os estudantes avançam nos semestres. Inicialmente, há o aprendizado de análise funcional e manejo de contingências, típicos do Behaviorismo. Em seguida, entram técnicas de segunda onda, como a reestruturação cognitiva, e, por fim, introduzem-se exercícios de mindfulness, aceitação e trabalho com valores pessoais (terceira onda). Muitas faculdades já incluem laboratórios de prática supervisionada para cada uma dessas fases, permitindo que o aluno exercite as competências em cenários clínicos simulados ou com pacientes reais em serviços-escola.
Na primeira onda, a ênfase recai na compreensão de como estímulos e reforços controlam comportamentos. O terapeuta em formação aprende a:
Com a segunda onda, a formação passa a contemplar:
Na terceira onda, surgem práticas inovadoras que convidam o futuro terapeuta a trabalhar não só com a modificação de conteúdo dos pensamentos, mas também com o relacionamento que o paciente tem com eles:
O terapeuta brasileiro em formação precisa considerar diferenças regionais, crenças e valores do público-alvo, adaptando técnicas consagradas internacionalmente à realidade local. Embora as três ondas forneçam um arcabouço robusto, o profissional deve calibrar a abordagem segundo a cultura, a escolaridade e os recursos do paciente.
Apesar de serem discutidas como ondas cronologicamente distintas, na prática clínica é bastante comum que um profissional integre elementos comportamentais, cognitivos e de mindfulness/aceitação para cada caso. O desafio está em como costurar essas técnicas de maneira coerente, sem perder de vista a singularidade de cada paciente.
Os programas de formação, tanto na graduação quanto na pós-graduação, têm enfatizado a relevância de pesquisar a eficácia das intervenções, gerando estudos de caso ou revisões sistemáticas. Além disso, a atuação terapêutica requer uma postura ética, o que implica consentimento informado, sigilo, respeito às minorias e aos limites de competência profissional.
Vivemos a era digital, e muitos programas de formação já inserem telepsicologia no currículo, além de apresentarem aplicativos e plataformas que auxiliam no monitoramento de sintomas e no exercício de técnicas TCC. O mindfulness virtual ou as intervenções guiadas por IA (Inteligência Artificial) tendem a ganhar relevância, exigindo que os futuros terapeutas estejam aptos a lidar com esses recursos.
Outro ponto notável é a consciência de que a formação não se encerra com a conclusão da faculdade ou da especialização. As três ondas da TCC seguem evoluindo, gerando novas abordagens híbridas (como FAP, CFT) e exigindo supervisões regulares para a manutenção e aperfeiçoamento das habilidades clínicas. Organizações e centros de treinamento começam a oferecer programas continuados, criando um ecossistema de suporte profissional.
No momento, Terapias de Terceira Onda se tornam cada vez mais populares, dada sua eficácia em transtornos complexos (como borderline, dependência química, transtornos alimentares) e em populações diversas (crianças, adolescentes e idosos). Isso pressiona as faculdades a incorporarem, em suas grades, disciplinas e estágios que dialoguem com esses modelos de aceitação, mindfulness e valores, preparando o estudante para demandas contemporâneas da saúde mental.
As ondas da TCC exercem impacto direto na forma como psicólogos e terapeutas são formados no Brasil e no mundo. Enquanto a primeira onda (behaviorismo) trouxe a estruturação do raciocínio clínico baseado na análise funcional e no manejo de contingências, a segunda onda (cognitivismo) incorporou as técnicas de reestruturação de pensamentos e crenças. Por fim, a terceira onda adicionou elementos de aceitação, mindfulness e trabalho com valores, enriquecendo a caixa de ferramentas terapêuticas e expandindo o alcance da TCC a contextos cada vez mais diversos e complexos.
Para o futuro terapeuta, compreender esse fluxo histórico e conceitual não é apenas uma questão de curiosidade acadêmica, mas de competência clínica, pois a integração das diferentes ondas permite intervenções mais personalizadas e eficazes. Se você deseja se aprofundar em Neuropsicologia, Avaliação Neuropsicológica e nas próprias Terapias de Terceira Onda, convidamos você a conhecer a nossa Formação Permanente na IC&C (Intervenções Cognitivas e Comportamentais). O programa visa formar profissionais que dominem, de maneira sólida e prática, as inovações e fundamentos da TCC em suas várias fases.
Além disso, acesse o blog da IC&C para se manter atualizado com artigos, estudos de caso e reflexões sobre Mindfulness, ACT, MBCT, DBT e outras abordagens que compõem o cenário das Terapias de Terceira Onda. Invista em sua formação e desenvolva uma prática pautada na ciência e na integração das melhores estratégias para cuidado e promoção de saúde mental! Esperamos você em nossa Formação Permanente.
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