Treinamento de terapeutas em ACT: um guia para iniciantes
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A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT – Acceptance and Commitment Therapy) se destaca como uma das abordagens de maior crescimento dentro das chamadas Terapias de Terceira Onda, ao lado de outras como DBT (Terapia Comportamental Dialética) e MBCT (Mindfulness-Based Cognitive Therapy). Apesar de suas raízes conceituais na teoria do comportamento relacional (Relational Frame Theory) e de sua ênfase na flexibilidade psicológica, muitos profissionais têm curiosidade em saber como se capacitar em ACT de maneira estruturada e efetiva.
Neste texto, apresentamos um guia para iniciantes que desejam iniciar o treinamento em ACT, desde a compreensão dos fundamentos teóricos até a aplicação de exercícios práticos no setting clínico. Se você já atua com TCC ou outras abordagens cognitivas e comportamentais, encontrará aqui um panorama que pode facilitar a transição ou a integração da ACT na sua prática. Para aprofundar ainda mais seus conhecimentos em Intervenções Cognitivas, Neuropsicologia e Terapias de Terceira Onda, convidamos você a visitar o nosso blog e também a conhecer a Formação Permanente da IC&C (Intervenções Cognitivas e Comportamentais), um programa completo que une teoria, prática supervisionada e estudos de caso.
Índice
- O que é a ACT e por que se especializar nela
- Princípios fundamentais da ACT
- Estrutura de um treinamento em ACT: passos iniciais
3.1 Leitura de referência e estudo teórico
3.2 Participação em workshops, cursos e supervisões
3.3 Vivência pessoal e prática de exercícios - Ferramentas e exercícios básicos para iniciantes
4.1 Desfusão cognitiva: aprender a “desgrudar” de pensamentos
4.2 Exercícios de aceitação e observação interna
4.3 Contato com valores pessoais e ação comprometida - Integração da ACT na prática clínica: dicas úteis
5.1 Aliança terapêutica e psicoeducação sobre ACT
5.2 Uso de metáforas e linguagem experiencial
5.3 Monitorando progressos com escalas e autorregistros - Estudos de caso e aplicações em diferentes transtornos
- Desafios e próximos passos no caminho de um terapeuta ACT
7.1 Supervisão contínua e aprendizagem colaborativa
7.2 Ética e cuidado ao introduzir o paciente à aceitação
7.3 Formação avançada e integração com outras abordagens - Conclusão e recursos adicionais
1. O que é a ACT e por que se especializar nela
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) foi desenvolvida por Steven C. Hayes e colaboradores, com base na Teoria do Quadro Relacional (Relational Frame Theory). Ao invés de tentar “consertar” ou “mudar” o conteúdo dos pensamentos negativos, a ACT promove aceitação de experiências internas e compromisso com ações que estejam alinhadas aos valores pessoais, mesmo na presença de desconfortos emocionais.
Para terapeutas que já atuam em abordagens cognitivo-comportamentais, estudar ACT oferece:
- Flexibilidade: É uma extensão natural da TCC, acrescentando estratégias de desfusão, atenção plena e trabalho com valores.
- Aplicabilidade ampla: Apresenta evidências em quadros como ansiedade, depressão, dor crônica, transtornos alimentares e até questões existenciais.
- Ética relacional: Foca na humanidade do paciente, evitando disputas sobre qual pensamento é “verdadeiro” e, em vez disso, convidando a pessoa a viver de forma coerente com o que é significativo.
2. Princípios fundamentais da ACT
A ACT gira em torno do desenvolvimento de flexibilidade psicológica, que compreende seis processos:
- Aceitação: Abandonar a luta contra emoções e sensações indesejadas, permitindo-se senti-las ou notá-las.
- Desfusão cognitiva: “Desgrudar” dos pensamentos, entendendo-os como eventos mentais, não como verdades absolutas.
- Contato com o momento presente (mindfulness): Viver o “aqui e agora”, reduzindo ruminações ou ansiedades focadas no passado/futuro.
- Eu como contexto: Perceber que a pessoa é mais do que pensamentos e sentimentos momentâneos (self observador).
- Valores pessoais: Definir quais princípios guiam a vida, o que é realmente importante, impulsionando motivação autêntica.
- Ação comprometida: Entrar em ação, fazendo pequenos ou grandes movimentos na direção dos valores, mesmo na presença de desconforto.
3. Estrutura de um treinamento em ACT: passos iniciais
3.1 Leitura de referência e estudo teórico
Para iniciar, recomenda-se ler os livros clássicos de ACT, tais como:
- “Acceptance and Commitment Therapy: The Process and Practice of Mindful Change” (Steven C. Hayes, Kirk D. Strosahl e Kelly G. Wilson).
- “Get Out of Your Mind & Into Your Life” (Steven C. Hayes e Spencer Smith).
Eles apresentam os fundamentos conceituais e exemplos de exercícios clínicos. Além disso, artigos científicos e guias de protocolos podem complementar essa base.
3.2 Participação em workshops, cursos e supervisões
Como a ACT tem forte componente experiencial, a teoria por si só não basta. É crucial participar de:
- Workshops presenciais ou online com demonstrações práticas e vivências de exercícios de aceitação e desfusão.
- Cursos de formação que aliam teoria, discussões de casos e práticas supervisionadas.
- Supervisão ou grupos de estudo, onde se podem levar dificuldades e aprimorar a aplicação dos processos da ACT.
3.3 Vivência pessoal e prática de exercícios
ACT tem forte ênfase no desenvolvimento pessoal do terapeuta. Assim, praticar:
- Exercícios de mindfulness (respiração, body scan)
- Metáforas de desfusão, como “folhas no rio”
- Identificação de valores pessoais
- Ações comprometidas na sua vida diária
Essa experiência pessoal permite compreensão profunda do impacto dos princípios da ACT e reflete no modo de conduzir pacientes com autenticidade.
4. Ferramentas e exercícios básicos para iniciantes
4.1 Desfusão cognitiva: aprender a “desgrudar” de pensamentos
Técnicas de desfusão auxiliam o paciente a enxergar pensamentos como eventos passageiros, não como realidades absolutas. Exercícios iniciais:
- Folhas no rio: visualizar pensamentos surgindo e indo embora em folhas que descem por um rio.
- “Eu estou tendo o pensamento de…”: sempre que surgir um “sou um fracasso”, verbalizar “estou tendo o pensamento de que sou um fracasso”. Isso cria distância e reduz impacto emocional.
4.2 Exercícios de aceitação e observação interna
A ideia é acolher sensações desagradáveis, em vez de lutar contra elas. Técnicas:
- Expandir: guiar a pessoa a respirar e criar espaço para a emoção, notando-a no corpo.
- Meditação básica de mindfulness: focar na respiração, percebendo pensamentos e emoções sem se engajar neles.
4.3 Contato com valores pessoais e ação comprometida
Incluir questionamentos como “O que realmente importa para você nesta vida?” e “Quais qualidades você admira em si ou em outras pessoas?”. Após identificar valores, o paciente estabelece metas e ações concretas, agindo mesmo na presença de desconfortos, cultivando coerência e vitalidade.
5. Integração da ACT na prática clínica: dicas úteis
5.1 Aliança terapêutica e psicoeducação sobre ACT
- Explique ao paciente o princípio de flexibilidade psicológica, diferenciando-o de abordagens que buscam controlar pensamentos ou emoções.
- Valide o sofrimento do paciente, mostrando que o objetivo não é negar sentimentos, mas abrir-se para senti-los e escolher agir conforme valores.
5.2 Uso de metáforas e linguagem experiencial
A ACT é repleta de metáforas (passageiros do ônibus, folhas no rio, piano amarrado nas costas), que facilitam a compreensão dos processos de aceitação e desfusão. Use uma linguagem experiencial, convidando o paciente a participar de exercícios vivenciais na sessão, não apenas de discussões intelectuais.
5.3 Monitorando progressos com escalas e autorregistros
Ainda que a ACT difira na forma de “trabalhar pensamento”, é possível utilizar escalas (de ansiedade, depressão) e autorregistros para acompanhar sintomas e identificar se as ações comprometidas estão sendo realizadas. A motivação do paciente cresce ao ver avanços concretos, mesmo que modestos.
6. Estudos de caso e aplicações em diferentes transtornos
A ACT apresenta evidências em depressão, ansiedade, dependências, dor crônica e vários outros transtornos. Por exemplo:
- Caso de ansiedade generalizada: uso de desfusão para ruminações, exercícios de mindfulness para lidar com sensações corporais de apreensão e definição de valores (como cuidar da família) para guiar ações diárias.
- Caso de dor crônica: aceitação da dor (que pode não ser controlável) e envolvimento em atividades significativas, reduzindo incapacidade e desespero.
A busca de supervisão e leituras de estudos de caso ajudam a desenvolver um repertório de técnicas personalizadas para cada condição clínica.
7. Desafios e próximos passos no caminho de um terapeuta ACT
7.1 Supervisão contínua e aprendizagem colaborativa
A prática de ACT pede reflexão constante. Muitas vezes, o terapeuta se depara com desafios em manter uma postura de abertura e não lutar contra o conteúdo do paciente, especialmente se vier de background fortemente focado em reestruturação cognitiva. Participar de grupos de estudo e supervisão com colegas ACT é fundamental.
7.2 Ética e cuidado ao introduzir o paciente à aceitação
Nem todo cliente está pronto para acolher emoções intensas; a psicoeducação sobre o que é aceitação (e o que não é) é crucial. Em casos com risco de suicídio ou traumas, por exemplo, a apresentação da ACT deve ser feita respeitando ritmos e eventuais necessidades de proteção ou medicação.
7.3 Formação avançada e integração com outras abordagens
Depois dos primeiros passos, terapeutas costumam buscar formações avançadas, inclusive em subáreas como FAP (Psicoterapia Analítico-Funcional) ou DBT (Terapia Comportamental Dialética), que complementam a prática da ACT. Combinar esses conhecimentos enriquece o trabalho clínico, ampliando a capacidade de lidar com quadros complexos.
8. Conclusão e recursos adicionais
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) propõe uma abordagem inovadora para lidar com sofrimento humano, baseando-se na aceitação das experiências internas e no compromisso com ações que reflitam os valores mais profundos do paciente. Para quem deseja iniciar nessa abordagem, é recomendável:
- Estudar os fundamentos teóricos, especialmente a Teoria do Quadro Relacional e os processos centrais de flexibilidade psicológica.
- Vivenciar as práticas de desfusão, mindfulness e identificação de valores, desenvolvendo a postura ACT em si mesmo.
- Buscar workshops, cursos, supervisões e grupos de estudo que auxiliem na aplicação prática.
- Integrar a ACT com outras ferramentas cognitivo-comportamentais, adaptando ao contexto específico de cada paciente, com respeito e empatia.
Para continuar sua jornada de aprendizagem, convidamos você a visitar o blog da IC&C, onde abordamos temas como Neuropsicologia, Terapias de Terceira Onda, Avaliação Neuropsicológica e muito mais. Além disso, nossa Formação Permanente é uma oportunidade de unir teoria e prática supervisionada em Intervenções Cognitivas e Comportamentais, incluindo exercícios e supervisões direcionadas à ACT.
Invista em sua formação e desenvolva a capacidade de ajudar pacientes a viverem de forma mais plena, comprometida e compassiva, mesmo diante dos desafios emocionais. A ACT abre um caminho poderoso para a transformação tanto do cliente quanto do próprio terapeuta, construindo uma relação terapêutica acolhedora e efetiva.
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